O zero faz parte do nosso cotidiano e parece difícil imaginar que ele não existia! O zero teve um longo caminho até chegar para nós ocidentais e um de seus primeiros registros foi na Índia.
Os árabes do tempo pré-islâmico se apropriaram da palavra indiana, que em sânscrito era शून्य e a traduziram para صفر, que significavam “vazio”.
Os italianos traduziram a palavra árabe para “zéfiro”, que os venezianos fizeram a contração para “zero”.
Ufa, um longo caminho!
O primeiro registro conhecido do zero no inglês data de 1598.
O matemático italiano Leonardo Fibonacci, que viveu no norte da África sob domínio árabe, foi um dos responsáveis pela popularização do sistema numérico Hindu-arábico no continente europeu (ocidente), através de seu livro “Liber Abaci”, publicado em 1202.
Neste livro, ele introduziu o “modus Indorum” (método dos indianos), apresentando os algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Fibonacci aplicou esse sistema numérico aos livros de contabilidade, conversão de pesos e medidas, transações financeiras e outras aplicações.
Esse sistema foi muito bem recebido na Europa e prontamente aceito e ensinado, causando um grande impacto na vida de todos.
Como era o conceito de zero para diferentes povos?
Egito, século XVIII a.C.
Apesar de Fibonacci ter sido um dos vetores de inserção do número zero no ocidente, o zero teve algumas representações em outros lugares.
No antigo Egito, que também usava um sistema número de base 10, o hieróglifo zefer (imagem abaixo) era usado como uma forma indireta de representar o zero.
Zefer é um símbolo usado para a palavra “beleza”, mas também era usado para se referir ao primeiro piso dos projetos de tumbas e pirâmides, e as distâncias para os demais andares eram medidas a partir deste primeiro piso, ou zefer.
Babilônia, século XXI a.C.
Os babilônicos usavam um sistema numérico de base 60, contudo não contavam com uma representação explícita para o número zero, para expressar um zero no meio de um algarismo, em vez disso, eles deixavam um espaço vazio entre dois números.
Por exemplo, o número 3016 era escrito como 3_16, onde o “_” representa o espaço vazio entre os números.
Para números que poderiam ter a mesma grafia por causa da inexistência do zero, apenas o contexto poderia diferenciar eles entre si.
América pré-colombiana, século I a.C.
O sistema numérico usados pelos povos pré-colombianos era de base 20, e tinha símbolos diferentes para representar o zero, já por volta de 36 a.C.
Estima-se que o zero usado pelos habitantes do continente tenha sido uma invenção dos olmecas, no século IV a.C.
Ainda que o zero fizesse parte do sistema Maia de numeração, não acabou influenciando os sistemas numéricos do velho mundo.
Grécia clássica, século III a.C.
Os gregos não tinham um símbolo, nem distinguiam o zero em seu sistema de numeração, pois se questionavam “como pode o nada ser alguma coisa?”.
Ou seja, o zero nem era algo para ser considerado como um número.
Roma clássica, século I
Em 525, uma tentativa de representação do número zero foi feita por Dionysius Exiguus para seu sistema numérico, mas era uma palavra (nulla, que significava nada) e não um número.
Em 725, Bede e seus contemporâneos começaram a usar a letra “N” para representar o número zero. Mas não encaixava corretamente no sistema romano de numeração.
Índia, século III a.C.
Pingala, um escriba, usou a palavra शून्य para se referir explicitamente ao zero na obra Lokavibhāga, sobre cosmologia, sendo considerado o primeiro texto a usar o zero como um número.
A tradução original da palavra é “vazio”, mas foi usada para representar o zero.
Idade média
Durante a idade das trevas, onde a religião se sobrepunha ao conhecimento, os árabes foram os responsáveis por impedir que o conhecimento morresse, uma vez que no ocidente a religião se encarregava de destruir ou confiscar livros com todo os ensinamentos já adquiridos.
O matemático árabe Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi foi um dos que contribuíram para a explicação e uso do zero.
Suas contribuições foram tantas no campo da Matemática, que de seu último nome surgiu a palavra “algarismo” e ele disse que sempre que, durante cálculos, nenhum número aparecesse em uma das casas dos números, um círculo deveria ser escrito nesta casa.
Este círculo foi chamado de صفر, ou seja, zéfiro, que virou nosso zero!